Thursday, September 23, 2004


Uma aquarela do suíço Paul Klee. Grande influência em minha vida. Conheci Klee atravez de Eduardo Boaventura, na casa dele. Tinha voltado para Alagoinhas depois de perder o primeiro ano do segundo gráu em Salvador. Estava meio deprimido, fazendo um bico para encher o tempo na barraca de meu pai. Eduardo entrou no quarto de sua casa singular e trouxe um livro sobre a vida de Paul Klee nas mãos dizendo:
-Pode levar, mas tenha cuidado, véi! Essa é minha "Bíblia".
Eu, putz!
Saí de lá com o livro, e ia para a barraca e ficava lendo, viajando nas figuras de sonhos de Klee. quando chegava em casa tentava fazer o mesmo com tinta barata e qualquer papel que via pela frente. O que eu queria mesmo era conseguir aquela liberdade que ele passa, aqueles traços toscamente livres, como feitos por um criança. Klee ainda é muito presente, sempre que eu vou no Instituto Brasil-Alemanha eu faço uma visita a ele, livros quase todos em alemão, que eu fico apenas olhando as "figurinhas".

uive para a Lua:

Tuesday, September 21, 2004


Sempre há uma necessidade de algo orgânico, como o começo desse filme que assisti hoje e mostra células se criando. E essa é a parábola, o processo criativo. É como criar um mundo, e as vezes penso em Deus (Deus?) criando tudo, será que ele fez a areia da praia grão a grão, ou foi tudo de um vez? E os seres do fundo do mar, são milhares de espécies diferentes, como ele fez tudo isso tão rápido? Essa é a parábola, isso que persigo, ser Deus criando um mundo. Parece ser simples, mas ainda há tanto para dizer, muita coisa em meus bolsos, muitas coisas para o "inventário de meu mundo". quais são as regras? Como as pessoas ficam em pé? ficam em pé? Há gravidade neste mundo? Nem sei, são apenas bonecos de palitos. São traços vivos. As regras são essas: as regras mudam.
A necessidade de criar para mim é a necessidade que a sombra tem de não seguir a forma corretamente, a necessidade que ela tem de ser sombra de prato quando era para ser de corpo, ser sombra com quatro dedos quando deveria ter cinco, ser sombra sobre sombra quando deveria escorrer por um vidro e sumir no vão da porta.
Essa necessidade vem do desejo de sair do real, pessoas voando, como nos quadrinhos, e quase sempre eu encho o saco de ter que pegar as coisas com as mãos e ouvir com os ouvidos. No meu mundo os seres comem com o ouvido e com a boca ouvem músicas dodecafônicas. Um deles morreu afolgado porque o salva-vidas não sabia que na verdade deveria ter feito operação boca-a-boca no ouvido, e não na boca, como seria o certo se eles vivessem nesse mundo que tudo é como deve ser.

Daniel Barbosa (Fragmento de "Elocubrações sobre o processo".)

uive para a Lua:

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