Sunday, April 04, 2004

LOGIN

Eu preciso de um T,
Preciso TV,
(ti ver).

Preciso de VC,
(vô ser).

Esqueça minha senha,
Até Login:Estou por uns dias off.

d..b
2004

uive para a Lua:
O ABORTO DO CAJÚ

Eu gosto do gosto do aborto do cajú,
fico nú e triste,
O fruto não nasceu:Maturí.

uive para a Lua:
DELÍRIO CRISTÃO


Meu pai sempre me levava a igreja São Francisco,
E a igreja era como um circo:
Todas aquelas pessoas sérias falando arrastado,
Falando baixo,
Baixios da alma descendo pela privada.
Pecado & medo,
Sublimando o desejo.

Muitos caras da rua iam a igreja para paquerar,
Mas as garotas estavam sempre com roupas compostas.

Eu quando era muito pequeno, do tamanho de um verme,
Um homúnculo, uma raiz de Mandragora,
um risco,
um palpite, ou ainda um desejo & um medo,
Pensava que meu Pai era um padre:
Sempre sério, e sempre forte,
A fé que move montanhas.

A igreja tinha vitrais como desenhos animados,
Lugares mágicos,
Os padres almoçavam lá em casa,
E falavam engraçado com seus sotaques celéstiais.



AS LETRAS ETERNAS
A gaiola prendia a mancha verde,
cuiubinha,
Triste da dá dor mas tristeza essa sem cor,
Era minha de ver o verde preso entre as talicas verticais,
A gaiola era feita de flor,
E nada poderia prender minha vontade de soltar o pássaro para morrer um dia,
Morrer solto no mundo que nada mais é que uma gaiola um pouco maior.

Eu preso no meu corpo criava corda no sono e fugia do mundo,
A casa pegando fogo,
E a casa era as vezes meu corpo.

A casa era o corpo do meu corpo, e a rua o corpo da casa,
O quateirão o corpo da rua, e eu pisava e pisava, as pipas no céu querendo
fugir desse mundo,
E a cidade era o corpo maior, sem fim.

A banca de revista como um coração que batia e parava as vezes,
quando o dinheiro acabava para comprar as mensagens de fumaça,
No fim do mundo.

nos dias do fim do mundo eu lia & lia,
Os quadrinhos eram como rabiscos nas paredes das cavernas,
As letras eternas.


d..b
2004


uive para a Lua:
A TRISTEZA NA ALMA

Os paralelepípedos passando, 3 da manhã,
Uma voz no fio fino da necessidade de não sei o quê.
Ainda Ela, aqui, Ela não soube esperar,
Pegou a bolsa e foi simbora, no elevador meus olhos
são esporas, espinhos, espigas de milho assando
na fogueira...
A estrada passando como um caveira,
Alagoinhas a noite é como um feira abandonada,
Nenhuma viv´alma.

E ainda o passado me dominando,
Jogando dominó com estranhos,
Tudo que eu escrevi para Ela ler.

Passou por mim com a filha nos braços & seu novo Amor,
Eu não chorei porque desaprendi.

Sempre tive a tristeza na alma,
E isso me deixa muito feliz.



uive para a Lua:


O PESO DOS PARALELEPÍPEDOS PRATEADOS SOB A NOITE SEM FIM

Quando chego em Alagoinhas o cheiro da Magia sempre descortina,
O passado baixa como santo,
Fico possuido pela Legião:
A casa da menina que agora trabalha no caixa do G Barbosa
E nos deu geladinhos muito ruins para chupar,
As ruas com cheiro de bosta,
Os labirintos & o barro que eu fazia formas,
As horas com a mochila nas costas,
Um galo e suas esporas em Aporá,
A casa do metaleiro que dormia numa cama muito suja,
Escura como a noite & o heavy metal
(eu possuido pela Legião)...

Quando chego na rodoviário minha alma volta para o lugar:
A empresa que estagiei e só tinha dementes lá,
Passava a manhã sem dar um pio & sem graça:
-Dinheiro no bolso que é bom, nada!
A rua asfaltada na Inocoop que um dia baixou polícia
& todos os marginais se esconderam atrás de postes.
Todas as casas tem um passado,
A casa em Alagoinhas Velha que eu ia a tarde tomar banca
E era como fazer um viagem para um outro planeta,
De bicicleta,
As árvores de galhos finos e frutos coloridos,
A ruína da igreja é a alma da cidade inacabada,
Alma ferida & pela metade.
As barracas de fogos ficam ao lado da rodoviária, longe do
centro da cidade, por precaução contra incêndios,
E em São João sempre fazia o rol dos fogos que ia comprar:
Adrianinos, bombas, Foguetinhos, busca-pés, etc.
Os desenhos de índios nas embalagens, as cores & as verdades,
O fogo eterno nas fogueiras queimando todos os anos sobre a terra,
Eu ainda novo esperando o meu Esperma,
Depois o gosto do vinho, da uva lavando o medo, molhando o chão,
Flores nascendo nas casas de luz vermelha,
Cannabis Sativa Alimentando os perdidos, querendo sair desse mundo
claustrofóbico das mentiras da Tv, que chegam aqui nesse fim de mundo
como palavras santas do Grande Irmão, como verdades eternas
vindas dos deuses que criaram a terra
(em suas naves prateadas & suas chuvas de Esperma).
Humúnculos nascendo das costelas,
A bíblia aberta sobre a perna:
O sonho de Ezequiel diz tudo, ali eu vi a verdade/mentira do mundo.
Os círculos coloridos baixando sobre meu corpo
(legião, legião).

Da rodoviária da cidade eu vejo tudo:
O campo de futebol que eu tive que carregar as traves pesadas
como Atlás carregando mundo, só porque não tava afins de jogar.
A banca de revista que era como um sonho & pouco dinheiro,
Vejo até a edição de Flash Gordon com pranchas em tamanhos originais,
Vejo os livros empoeiradas, o dono que eu sempre achei que fosse um judeu,
A atendente que sempre estava tossindo por causa da poeira.

Da rodoviária da cidade eu vejo meu mundo:
A loja de discos Colméia que eu comprei um LP do Slade,
A feira com seus Licuris, cajus, caranguejos, jacas, porcos, vacas,
A igreja Matriz com um galo de prato no alto,
O Anexo & todos os loucos nús, A verdade que eu nunca vi,
As meninas que conversam como hamisters em suas jaulas de vidro,
Aquários partido mas nunca quebrado,
Peixinhos coloridos e lindos dentro da claustrofobía da cidade linda.

Da rodoviária da cidade da para ver tudo:
Os gritos mudos,
Palavras em muros,
Facadas & murros,
Sujeira & entulho.

A cidade é como um surdo,
Tocando todo o tempo em minha cabeça, onde quer que eu esteja,
Como as bandas marciais dos desfiles na praça Rui barbosa
(Rui Barbosa foi um burro).

a cidade é um jegue rinchando no escuro,
Uma espingarda de chumbo,
Um desalinho.

A linha de trem que cruza o subúrbio de meu corpo,
A cicatriz que eu carrega embaixo do braço,que nasceu do
Que nasceu do muro que devide o real do imaginado,
A cidade mora comigo,
eu nunca vive aqui porque sempre estive no outro mundo.

A cidade é tão real porque nunca esteve aqui,
Carrego dentro de mim todos os paralelepípedos carmim,
O peso da pedra & da melancolia sem fim.

d..b
2004

uive para a Lua:

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