ROQUE TRISTE

E ELA ESTAVA LÁ, era uma estátua de sal
Escultura feita na areia, tinha medo que fosse escultura feita na areia
E que a água levasse, e tinha medo que a água fosse eu,
Ela lá perto do acarajé de Cira,
Recebendo o cheiro e frescor do Dendê.
...
A água era eu
...
Ela era Osíris
Ela era osíris ao quadrado
(Um solo de jazz ao vento que vinha doce com o cheiro de Dendê)
E nos meus olhos o meu medo
Medo de ser água e levar ela embora
Iemanjá indo embora,
Com todos seus presentes presentes
E Eu sendo a água má que molha a si mesma
E tirando lasquinhas de Iemanjá por ser água má
...
dANIEL bARBOSA
...

Tudo dentro da lógica louca de não ter lógica, nem mesmo louca. Se moves
uma

pedra
folha
pétala
cadeira
forma
galáxia
civilização
era

tudo se desmorona.

 

MÃE & SONO

Pessoa era o guarda na porta, esperando Sono vir, E até Geisa estava lá...eu andando pela casa a noite com o livro de pessoa rabiscado embaixo do braço (ele sentiu o calor do meu subako). Pessoa era a arma para viver no mundo frio. Pessoa era um rio sem ponte, Era uma fonte.
Sono chegou, ele trazia um velho vinil do Felline (não o cineasta, a banda), e um pedaço da sai da minha Mãe, onde eu morei durante muito tempo. Dormi cheirando o pano estampado com as cores das estrelas da noite. Nos Sonhos as estrelas eram naves no céu e explodiam como fogos de São joão ou Hermes trimegisto (hermes três vezes, não Hermes, aquele troço que vende coisas pelo corrêio, eheheheh, mas pode ser, Hermes era o deus mensageiro, assim como o Exú).

d..b
2004

Grande mestre, Horas tenebrosas com Pessoa na cama, Numa orgia de troços estranhos, (primeiro estranha-se, depois entranha-se, escreveu pessoa para uma campanha da coca-cola), Ele me deu esse verbo que fere a tela fria como faca, Me deu esse improviso de jazz que não quer ser bom nem ruim, só quer ser risco de Faca na Tela que um dia foi papel e as vezes ainda é, ou era, outras eras.

d..b
2004