Friday, July 23, 2004


PASSEIO AÉREO

Luz que vem de todo lado, luz azul na noite & um vento vindo frio,
Vento vem passando pelas quinas de concreto & metal & mármore e gesso,
E essa luz trás as palavras mortas, frases mortas, velhas & mórbidas
saudações ao corpo ou ao bolso, saudações ao nada, Ad nausea,
Nem tente mexer os dedos, não adianta, saudações ao corpo e ao bolso,
Ou até mesmo se mexer, levantar o corpo & seus ossos
(e um rim pulsando, um pulmão, algumas fumaças de cigarro e nenhum
refluxo (como a médica disse: nenhum refluxo, garoto, você é caso raro.))

Caso raro eu sou desde pequeno, quando eu fazia fliperamas de papelão,
madeira, durex e bolas de gudes, ou até quando eu brincava quando viajava,
com a linha que separa os limites da estrada,
Estrada antiga,
Jogos de botão na sala,
Um amigo cego,
alguns amigos etéreos, gerônimo, Chico Anísio,
E os desenhos da Hanna Barbera a tarde,
As pernas de Angélica no programa Milk Shake
(as primeiras bolinações, 10 vezes numa tarde, as pernas de Angélica
gordinhas naquele programa dela que passava na Manchete).

Prá que tantas pernas meu deus?

E tem também a luz que vem do vinil negro, a Luz que saem dos livros:
Dom Quixote eu li na casa Dela em Dom Avelar,
Ray Bradbury em li em sonhos, teias de aranhas gigantes, quartos como selvas,
Stephen King foi quando eu pensava que estava apaixonado por Ela, mas ela era uma garota
fútil,
Henry Miller em li nas ruas, dormindo com mendigos, fudendo putas,
Fernando Pessoa eu li no exílio,
Proust também,
E Dostoiévsky.
Franz Kafka eu li quando ainda era muito novo,
Júlio Verne eu li com livros de um roubo,
Tolkien em li com cheiro de tinta acrílica nas mãos,
E borges com o cheiro Dela,
Cortázar Ela me deu de presente no Dia dos Namorados,
E Apolinaire eu li entre seus pernas,
As mãos com cheiro de esperma.

d..b
2004

uive para a Lua:

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