Thursday, July 01, 2004
O CANAL QUE EU ODEIO
As vezes ela volta,
Não sei porque,
A porta está sempre aberta,
As pernas também,
A Tv esta sempre ligada em um canal que eu odeio.
TV ligada o dia todo em canal que odeio,
E essa falta de comunicação?
E esse lixo de informação?
As vezes ela volta,
Me faz deitar no chão frio,
Tomar banho quente,
E falar palavras mornas
Numa realidade quase morta.
Tuesday, June 29, 2004
CIDADE NUA VESTIDA COM TECIDO BRANCO
Salvador é puta e dozela,
Salvador abre as pernas,
Fecha portas,
Salvador tem um péssimo sistema de transporte,
A faculdade de Belas Artes é uma merda.
Salvador cheira a esperma,
Salvador é afro, negra e alegre,
Salvador carrega a tristeza dos anos,
A tristeza e o cheiro dos ânus de todos os habitantes.
O pelourinho é um lugar de alegria
e morte, pessoas decepadas, pessoas queimadas pedindo
grana,
Pessoas pedindo dinheiro para fumar crack.
Salvador é um charme,
Belas casas, belas fachadas,
Salvador gosta de facas.
Carnaval é um luxo,
Um estrupo, um absurdo.
Salvador é puta e donzela,
Salvador fecha as pernas,
Abre as portas,
Cidade reta e torta,
Pessoas mortas dançando frenéticas,
Pessoas vivas fitando a Lua,
Salvador é uma cidade nua.
d..b
2004
CADELAS NEGRAS*
As palavras são como fantasmas nascendo nesse retangulo
branco,
Como velhos sentados em bancos dando milho aos pombos,
Como aquela louca na rua, escondida detrás dos pneus de um carro,
dando milho(?)aos pombos,
As palavras são como a embalagem de salgadinho que voa ao vento,
Como o molho aguado do cachorro-quente da esquina.
As palavras são como os carros que passam e buzinam,
As palavras morrem mas nunca findam.
*É assim que Cortázar as nomeia.
d..b
2004