Tuesday, September 21, 2004


Sempre há uma necessidade de algo orgânico, como o começo desse filme que assisti hoje e mostra células se criando. E essa é a parábola, o processo criativo. É como criar um mundo, e as vezes penso em Deus (Deus?) criando tudo, será que ele fez a areia da praia grão a grão, ou foi tudo de um vez? E os seres do fundo do mar, são milhares de espécies diferentes, como ele fez tudo isso tão rápido? Essa é a parábola, isso que persigo, ser Deus criando um mundo. Parece ser simples, mas ainda há tanto para dizer, muita coisa em meus bolsos, muitas coisas para o "inventário de meu mundo". quais são as regras? Como as pessoas ficam em pé? ficam em pé? Há gravidade neste mundo? Nem sei, são apenas bonecos de palitos. São traços vivos. As regras são essas: as regras mudam.
A necessidade de criar para mim é a necessidade que a sombra tem de não seguir a forma corretamente, a necessidade que ela tem de ser sombra de prato quando era para ser de corpo, ser sombra com quatro dedos quando deveria ter cinco, ser sombra sobre sombra quando deveria escorrer por um vidro e sumir no vão da porta.
Essa necessidade vem do desejo de sair do real, pessoas voando, como nos quadrinhos, e quase sempre eu encho o saco de ter que pegar as coisas com as mãos e ouvir com os ouvidos. No meu mundo os seres comem com o ouvido e com a boca ouvem músicas dodecafônicas. Um deles morreu afolgado porque o salva-vidas não sabia que na verdade deveria ter feito operação boca-a-boca no ouvido, e não na boca, como seria o certo se eles vivessem nesse mundo que tudo é como deve ser.

Daniel Barbosa (Fragmento de "Elocubrações sobre o processo".)





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