Wednesday, January 05, 2005


MEA CULPA

Tudo culpa da merda da poesia, porque eu tinha que nascer com essa doença?
Essa mania de ter sentimentos?
Essa coisa idiota que é o desejo de criar, o não se acostumar a realidade?
Poderia ter sido médico, engenheiro , advogado, mas não, fui inventar de
Ser poeta, artista plástico, escritor, músico, essas coisas que não servem pra nada,
Não dão dinheiro a ninguém,
Agora tou aqui fudido, sem prestigio diante da sociedade e seus homens sérios.

Porque não estudei os livros da escola em vez de ficar lendo romances frívolos de escritores loucos como Kafka, Herman Melville ou Henry Miller,
Porque odiei tanto física, matemática?

Poderia ao menos ter sido um pintor de flores, quadros vendáveis para decorar
Casas de madame,
Mas só quis pintar coisas psicodélicas, surrealistas, tapas na cara da sociedade,
Como um menino mimado que fui e sou.
Pintava cus , picas e bucetas como forma de protesto contra esses dias caducos,
Pintava seres deformados que representam essas figuras malucas dos nossos dias.
Porque fui logo me influenciar por pirados como Eduardo Boaventura, Klee, Miró,
Kandinsky, Hundertwasser e outros? E Não por aqueles pintores que estão sempre na revista Cara, tipo aquele tal de Romero Brito?

Porque não estudei a fundo o instrumento e fui tocar numa bandinha dessas de baile para ganhar grana? Não, montei uma banda de punk rock que tinha uma música chamada “quero fuder”, sou mesmo idiota.

Quanto a poesia, não tem jeito, de qualquer forma que escreva, sempre vou estar sem dim dim no bolso. Preciso é de um paletó e de um bom emprego. Me tornar velho por dentro, criar teias de aranha, falar mais forte, olhar mais forte, sempre hostil, criar bigode, parar com essa coisa de sentimentos, começar a ler “Inteligência Emocional” para saber como lidar com isso perante ao emprego, usar sapatos de bico quadrado, falar em “gestão disso, gestão daquilo”, fazer meu marketing pessoal, essas coisas. Vou na farmácia procurar um remédio para essa doença chamada Poesia.







<< Home
uive para a Lua:

This page is powered by Blogger. Isn't yours?